Basta ser usuário do Nubank para ser ‘bombardeado’ pelas notificações informando que o roxinho irá abrir sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em Inglês) na Nyse, a bolsa de valores dos Estados Unidos, além de ter distribuição de BDRs na bolsa brasileira, a B3.
Com o código NUBR33, os papéis da Fintech terão estreia na próxima quinta-feira (9), mas já é possível reservar os certificados desde já. Além disso, o “NuSócios” fez a distribuição de BDRs sem custo aos usuários interessados. A faixa indicativa inicial do preço das ações estava entre US$ 10 e US$ 11.
No entanto, o banco digital confirmou, na última terça-feira (30), a redução do intervalo de preço dos papéis para US$ 8 a US$ 9 por papel. Com tanta informação rolando sem nem abrir o capital ainda, uma dúvida costuma aparecer para o investidor: vale ou não a pena entrar nos papéis do roxinho? Pensando nisso, a BM&C conversou com analistas para entender melhor o case.
Sobre a redução da faixa indicativa, Sidney Lima, analista da Top Gain, explica que, nos parâmetros de expectativa, as ações se tornam ainda mais atrativas para o investidor. No entanto, para o Nubank representa uma captação menor do investimento pretendido inicialmente.
“Um dos motivos para isso, tem sido o contexto global que tem ficado menos atrativo na ótica da renda variável, acrescido do fato de inúmeras casas de análises já terem se posicionado sobre uma precificação completamente cara para este IPO”, explica o profissional.
Para o analista Enrico Cozzolino, da Levante, ainda com essa redução, se for comparado com os bancões, o Nubank tem muito “a se provar”. “Ele tem crescido muito em relação aos clientes, mas tem outras métricas para se avaliar. Então, desse ponto de vista, ele ainda fica caro na hora que você compara com os bancos tradicionais, que tem um histórico já performado”, avalia.
MAS, AFINAL, VALE A PENA?
O analista Sidney Lima afirma que este será um dos maiores IPOs de uma empresa brasileira, impulsionado pela visibilidade, estratégia agressiva de marketing, e amplificado pela utilização da base de clientes da própria empresa. No entanto, é preciso ter cautela.
“A maior parte dessas pessoas que estão sendo impulsionadas com a novidade, não tem a mínima noção dos indicadores que determinam o preço justo de uma empresa. E nesta, muitos devem ser prejudicados. Mesmo com a redução do preço, continuo acreditando não ser um investimento muito viável financeiramente, justamente pelo fato de ainda sim estar caro. O que pode nos primeiros dias desencadear um movimento intenso de correção”, complementa.
Pelo lado positivo, o profissional diz que a empresa está “em um crescimento surreal”, inclusive na base de clientes, com o seu estilo inovador de mercado financeiro. Em junho, a Fintech anunciou que alcançou a marca de 40 milhões de usuários.
Como ponto negativo, o analista diz que há a possibilidade de pagar caro por uma empresa que não vale tudo o que está sendo precificado, e correr o risco de os ativos caírem em um movimento intenso de correção.
“E, após isso, o papel pode encontrar muitas dificuldades de voltarem aos patamares de preço do IPO, já que o cenário Global não tem colaborado. O que inclusive temos presenciado na maior parte dos IPOs de empresas brasileiras na B3”, ressalta Lima.
Outra questão discutida é a declaração do Imposto de Renda (IR), mas, segundo o analista Enrico Cozzolino, este não é um ponto para deixar o roxinho de lado. “Isso é feito normalmente, todas as pessoas tem que declarar um imposto de renda. Além disso, nesse caso, ela precisa ser declarada apenas em 2023. Dá tempo para aprender”.
Quando perguntado se recomenda ou não o investimento, Sidney diz que não: “Acredito que seja possível nos primeiros períodos que o papel possa fazer um movimento altista, movido pelo alvoroço, mas mantenho cautela com a real possibilidade de um movimento de correção muito intenso”.
“É PRECISO EDUCAÇÃO FINANCEIRA”
Marco Saravalle, estrategista-chefe da SaraInvest, disse, durante o BM&C News, que apesar de ser uma iniciativa válida para trazer novos investidores, ela pode também trazer pessoas não qualificadas para a entrada em ativos agressivos. Independentemente da escolha, é preciso entender o case.
“Vai precisar de muita educação financeira nessa base de investidores, que vai ser um valor pequeno, mas eles vão se tornar acionistas do banco. […] vai ser muita gente entrando aqui na B3, abrindo conta via esse IPO do Nubank”, avaliou Saravalle.
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